• “Conferência está a atingir as expectativas desejadas”


    O representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, Francisco da Cruz, adiantou, terça-feira, aqui em Sevilha, que a IV Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento está a atingir as expectativas desejadas.

    O diplomata angolano, que falava, igualmente, à imprensa, lembrou que o continente africano, em geral, e Angola, em particular, fizeram ouvir a sua voz neste encontro, através do Presidente da República, João Lourenço, que discursou no certame, na qualidade de Presidente em exercício da União Africana (UA).

    Francisco da Cruz ressaltou que o estadista angolano defendeu a posição de África, no que diz respeito aos desafios do peso da dívida, a necessidade de financiamentos em condições mais aceitáveis, que sirva, realmente, de base para um desenvolvimento mais activo, abrangente e sustentável para o continente.

    “A nível nacional, partilhou, também, aquilo que o Executivo tem estado a fazer, para melhorar o ambiente geral do país e para que possamos ir avançando, cada vez mais e melhor, em termos de desenvolvimento”, destacou o diplomata.

    No domínio dos encontros bilaterais, Francisco da Cruz deu a conhecer que o Presidente da República abordou, no encontro que manteve com o actual presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Philémon Yang, questões ligadas à agenda daquela organização internacional.

    Um dos temas que dominou o encontro, segundo o embaixador Francisco da Cruz, foi a reforma no Conselho de Segurança, com destaque para a admissão de África como membro permanente daquele órgão das Nações Unidas.

    O representante permanente de Angola junto da ONU disse que a evolução internacional obriga que o continente africano esteja melhor representado no Conselho de Segurança, que trata, entre outras matérias, as questões de paz e segurança no mundo.

    “A sua agenda dedica-se a tratar 60 por cento das questões de África”, informou o diplomata. A ausência do continente africano como membro permanente deste órgão decisivo das Nações Unidas, explicou o embaixador Francisco da Cruz, limita a sua intervenção na tomada de decisão a nível dos problemas globais.

    Em função disso, ressaltou, há necessidade de as estruturas das Nações Unidas serem cada vez mais representativas, sobretudo o Conselho de Segurança, que deve reflectir a evolução do mundo de hoje. “África é um continente com 54 membros, deve estar, por isso, representada a esse nível, com pelo menos dois membros permanentes e mais dois não permanentes, para que tenhamos um espaço mais adequado e mais representativo para discutirmos os interesses de África e encontrar as melhores soluções”, declarou.

    Francisco da Cruz disse haver uma série de negociações em curso, não só para ver essa questão de África no Conselho de Segurança, mas de outras que necessitam, também, de ser tidas em conta dentro da nova reformulação daquele órgão.

    Mas, sobre a necessidade de o continente africano constar entre os membros permanentes do Conselho de Segurança, o diplomata angolano disse haver um Comité de dez países, que chamam de C10, liderado pela Serra Leoa, que tem estado a trabalhar afincadamente neste processo.

    “Nos últimos tempos, estas negociações, a nível das Nações Unidas, estão a ganhar uma nova dinâmica e nós pensamos que, a seu tempo, teremos certamente algum resultado”, adiantou Francisco da Cruz.